Sempre que montamos a biblioteca numa praça, recordamos a montagem de um cenário teatral. Como cenário, nossa biblioteca acolhe autores, personagens e intérpretes. Com as mesas, cadeiras e livros expostos, a encenação começa com a chegada das crianças-leitoras (nossos intérpretes). Cada uma lê e interpreta suas histórias escolhidas. Não temos plateia pois somos intérpretes que encenamos a vida para nós mesmos. Assim anda nossa biblioteca: crianças leitoras reencenam fragmentos de vidas em meio a livros e natureza.
Toda biblioteca pressupõe organização, conforto, higiene e alguém que oriente os leitores. Questionam-nos por que do rigor da organização e higiene do nosso cenário de leitura? Além de ser algo necessário ao funcionamento de qualquer biblioteca, estamos lidando com crianças aprendizes. Ao participar de nossa biblioteca elas aprendem noções de organização e disciplina. Ao ler precisamos de um ambiente estruturado e acolhedor, e, uma postura aberta para apreciação de narrativas e de vidas.
Neste final de semana discutimos com as crianças sobre como devemos explorar a Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo. Chegamos a alguns acordos, como: avisar a mãe ou responsável quando vir para o projeto; pegar um livro de cada vez; não jogar lixo no chão; não julgar o(a) colega pela aparência; não conversar, não rasgar ou riscar os livros... Discutir a convivência humana e o uso de espaços coletivos é fundamental para a construção de cidadãos conscientes e responsáveis.
Nosso espaço, cenário de muitas vivências e aprendizados, precisa ser acolhedor, organizado e fomentador do direito à leitura. Um exercício de ler livre e reflexivo onde as crianças leitoras fantasiam e, ao mesmo, pensam como seres individuais e coletivos. Uma biblioteca que se volta para a complexidade da expressão humana com respeito e sabedoria e para exercícios de vida como cidadãos socialmente responsáveis e justos.
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