Por que crônicas sobre uma biblioteca que ocupa praças em Teresina?
Primeiro, é memória. Precisamos registrar outras histórias que passam despercebidas pelo campo de saberes e comunicação dominante. Histórias vivas de pessoas que cotidianamente buscam construir significados plenos em suas vidas. Isso mesmo: significados luminosos que ressignificam seus dias. Uma memória do cotidiano que nos pertence. Uma memória dos significados construídos por nós mesmos a partir de nossas ideias e ações cotidianas. Uma memória com sabores diversos – do doce ao azedo com mel. Uma memória de superação...
Segundo, é comunicação social. Uma comunicação que registra e reflete sobre o fazer histórico e cotidiano de pessoas. Pessoas que deixam de ser somente “cidadãos” ou “crianças”. Possuem nomes e, mais importante, criam, sentem e transformam. Uma comunicação que pode ser adjetivada como comunitária ou popular. Mas, de fato, é uma comunicação que partilha esperanças e superações. Uma comunicação que acolhe pessoas com suas histórias e projetos.
Terceiro, é educação. Outras vivências de educação desenvolvem-se em toda parte. Nossas crônicas buscam sensibilizar nossos olhos para outras possibilidades de fazer educação. Para além da “educação escolar”, em praças, associações, circos, terreiros e templos, quadras e campos de futebol, pessoas, movidas por um interesse genuíno de fazer mais por todas, todes e todos, educam. Não se trata somente de projetos sociais ou culturais; são ações de educação. Desejam formar cidadãos reais com valores de justiça social e empatia também reais.
Quarto, é humano. Aqui a crônica me aperta. Mas é preciso escrever sobre essa dimensão menos recorrente em nossos discursos, mas tão óbvia. Escrever é humano. Ler, memoriar, comunicar, educar expressam uma humanidade inquieta, criadora, esperançosa, superadora, poética... As crônicas nos revelam. As crônicas nos buscam. As crônicas são parte de um mosaico da infinitude humana que tem como materialidade uma certa Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo.
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