A cada final de semana vivido por educadora(e)s e crianças leitoras, nas praças de Teresina, fica mais claro que não somos uma simples biblioteca. Para além de oferta de livros e estrutura para leitura, estimulamos um campo de vivências. Já há algumas crônicas, emprego esse termo campo para buscar explicitar o que é a Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo. Neste último final de semana, a ideia de um campo de semeaduras fez-se forte. Crianças leitoras e educadore(a)s semeiam novas ideias, práticas e valores.
Ao imaginar-nos como semeadores, acredito que todos somos protagonistas e responsáveis por tudo o que fazemos. Ao ouvir as crianças partilhando suas impressões sobre os livros lidos, a partir da leitura dos textos que escreveram, elas estão explorando novos modos de interagir com a literatura e a escrita. A leitura não é mais uma tarefa escolar tampouco uma atividade árdua e desagradável. Ao ler, as crianças leitoras se experimentam como sujeitos de pensamentos e capazes de externá-los para si e para os outros.
Na roda de conversa das crianças na Santa Maria da Codipi, elas são convidadas a lerem seus textos em pé para todas as demais escutarem. Seus textos passam a ser uma extensão de si: um modo de compreender-se e viver no mundo. “Tio, não posso ler sentada?”. Vocês querem que suas ideias sejam ouvidas por todas? Vocês gostariam de demonstrar que possuem orgulho diante do que escreveram? Por que somente a(o) professor(a) pode ficar em pé e falar alto com todos? Por que não podemos ser crianças felizes e orgulhosas pelo que somos, pensamos e escrevemos?
Esse campo de semeaduras abre-se para contemplarmo-nos e aprendermos uns/umas com a(o) outro(a)s. A(o)s educadora(e)s reveem suas práticas e modos de perceber as práticas educacionais e, neste movimento, semeiam novas possibilidades de fazerem-se educadora(e)s. As crianças leitoras abrem-se para o exercício de expressar-se e descobrir-se com inúmeras possibilidades criadoras: seu campo de semeação abre-se ao infinito explorado por cada uma.
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