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Foto do escritorHumanismo Caboclo

Educação para o todo. Jamais para uma parte do humano.



Ocupar uma praça é abrir-se para outros caminhos de educar com livros e pessoas. Primeiro, tem a atmosfera: vento, cantos de pássaros, sol, sombra, pessoas diversas (por vezes, sem pessoas circulando), alguns cachorros (até cavalos, burros e um bode arisco), dejetos de animais, alguns insetos (principalmente no final da tarde)... Segundo, muitas crianças. Algumas curiosas; outras receosas (o que é novo, muitas vezes, inquieta). Algumas já com uma alegria de ler conquistada; outras bastante estranhas ao universo de narrativas e livros... Terceiro, educadores que se movimentam e recriam seus modos de educar e ser educador... Quarto, as surpresas e encantamentos a cada encontro entre pessoas, literatura e natureza.



O que dizer dessas duas leituras sobre o livro “A parte de falta”, de Shel Silverstein? Helen e Maria Clara identificaram-se bastante com o livro. Narraram as peripécias do personagem central da história com suas descobertas e sensações. Ao final, indaguei: o que, de fato, faltava à personagem? “Alegria”; “felicidade”; “cantar”; “ir mais longe ainda”... Estas foram algumas das respostas. Sugeri que escrevessem sobre essas possíveis explicações sobre o que falta àquele ser da narrativa. Nessa última sexta-feira, recebi um desenho e um texto. Indescritível o orgulho de Helen sobre sua criação textual. Maria Clara é tímida, mas demonstrou muito prazer ao falar sobre sua leitura acerca do que faltava à personagem.



Recebemos a visita de um bode nada sociável na manhã de sábado, na Praça dos Orixás. Explorava os livros com sua boca. Procuramos tangê-lo, mas empacava mais que um burro. Depois reagiu agressivamente às nossas infrutíferas ações para retirá-lo de nossa área de leitura (uma praça tão grande!!!). Começou a dar marradas na cadeira e mesa que eu e dona Silvana usávamos como proteção. As crianças assustadas e com medo. Felizmente, vó Silvana lembrou de jogar água. Somente assim conseguimos afastá-lo. Vivências numa praça que rendem histórias.



Na roda de conversas com as crianças, iniciamos imitando animas: cobra, macaco, golfinho, galinha, gato, coruja... Com a imaginação aquecida, passamos a inventar narrativas. “A mendiga desprezada por uma jovem e respeitada por um bom senhor”. “O náufrago e seu encontro com um caranguejo”. “Mônica pede desculpas a Cebolinha e este não recebe bem o seu gesto”. À medida que cada um criava seu conto, os demais passavam a representar cada um dos personagens. Assim brincávamos de imaginação e representação. Ler nos sugere descobrir “outras nuvens”.



Um segundo domingo sem crianças no Praça do Postinho, no bairro Tabuleta. Também no Parque da Macaúba, no Dia das Mães, não fomos presenteados com a presença de crianças. O que fazer? Perseverar. Ler. Arrumar nossa biblioteca. Curtir a praça com sua energia suave e colorida. Até o próximo final de semana!



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