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Estampido: ação que ecoa nos corredores do silêncio

Foto do escritor: Humanismo CabocloHumanismo Caboclo


Domingo, dia propício para um sono mais longo, relaxado, descompromissado, afinal, antecede as labutas da segunda-feira. No entanto, há quem opte por acordar cedo, pegar um “busão”, caracterizar-se de palhaço. Nem o nome é o mesmo. Depois de arrumada, isso inclui o uso de jaleco, pinturas na face, Francisca Xavier dá lugar à palhaça Solzinho. Lá se vão três anos atuando como voluntária. E pensar que tudo começou nas redes sociais. Diz ela que gosta de gente, de estar com as pessoas.

“Todos os dias, quando chego na minha casa, após um dia de trabalho voluntário, é simplesmente gratificante. Não estou doando aquele momento para eles, é um momento para mim. É um incentivo a mais, um olhar diferenciado que tenho para com o próximo e principalmente para mim. Vou me renovando. A minha batalha é muito menor que as deles”, descreve Francisca.

Em 2010, três amigos, Matheus Mendes, Beatriz Magalhães e Paloma Barbosa, tiveram a ideia de visitar asilos, orfanatos, creches e outros lugares públicos esquecidos, de modo a ampliar ações sociais, que na época se concentravam em hospitais. O número de voluntários cresceu, atualmente somam 25 e a iniciativa ganhou nome: Projeto Estampido. Por meio dele, jovens desenvolvem atividades lúdicas, levando cores, sons e gestos à realidades marcadas pela vulnerabilidade, em especial, física. Nove anos depois, logram êxito com ações em diversos espaços, do Hospital Infantil Lucídio Portella ao Parque da Cidadania, ambos em Teresina (PI). Acompanhamos uma dessas ações.

Música, um dos componentes das ações do Projeto Estampido (Foto: Joaquim Cantanhêde)

As parcerias se dão através de convites feitos por assistências sociais e coordenadorias dos espaços interessados. Na internet o grupo é ativo, além de partilhar através de textos e imagens das experiências de cada ação, disponibilizam contatos, portas de acesso para outras ações.

Sara Sousa, assistente social, descreve com firmeza a importância de iniciativas voluntárias, a exemplo do trabalho desenvolvido pelo Projeto Estampido: “desde muito tempo o voluntariado está presente na vida das pessoas, antes mesmo da formação das instituições. É importante por ser uma esfera da sociedade civil. No âmbito hospitalar, não tenho dúvida de que a figura do voluntariado traz uma força diferenciada, bem-estar, trabalhando na especificidade do que é ser humano, com pacientes e acompanhantes (que são colocados em segundo plano). Quem cuida também precisa de cuidado. O voluntariado traz a alegria que falta dentro do hospital”.


É de Sara que os voluntários recebem as últimas instruções. Após isso, dividem-se em grupos e passam a entrar em cada uma das enfermarias. O contato requer zelo, paciência e tato. Aos poucos a desconfiança se acanha, crianças esboçam risos, interagem. Algumas são mais ousadas, dançam, repetindo as coreografias.

Adejane Caldas e o filho, Tayron Fernandes (Foto: Joaquim Cantanhêde)

Alguém poderia ser indiferente diante de tamanha alegria, tão rara em ambientes dessa natureza? Não nos estranha o envolvimento de Adejane Caldas, de Luzilândia (PI). “A gente vira criança de novo. Ficamos mais animados, alegres. A carga é muito pesada e quando eles vêm e alegram, alivia um pouco. As crianças ficam bem animadas. Um alimento a mais para que a gente suporte”, relata Adejane, diante da animação do filho, Tayron Fernandes, ao ouvir o som do violino.

Vimos na prática o que Francisco José, estudante de música da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e violonista do projeto, nos explicaria minutos depois: “a gente acredita que a música não foi algo criado pelo homem, vem de Deus e ele nos dá esse dom. Podemos trazê-la para lugares como hospitais. Ela transforma as pessoas, transforma o dia através de uma palavra, uma melodia, algo suave. Trabalhar com isso marca a gente”.

Parte dos voluntários do Projeto Estampido (Foto: Joaquim Cantanhêde)

Uma pergunta paira: como fazer parte do projeto? Simples, por meio das seleções que geralmente ocorrem a cada começo de semestre. Os interessados preenchem formulários e em seguida participam da oficina. Nela se inteiram sobre o projeto, suas regras e dinâmica de funcionamento. É fundamental que o candidato seja maior de idade e tenha boa vontade, ou seja, queira de fato ser voluntário. “É preciso se entregar”, enfatiza o coordenador Cayo Paz.

Após uma manhã intensa, Cleane Paz ainda tem entusiasmo para explicar as razões de estar ali: “acredito que devamos sempre ser gratos por tudo o que temos e uma forma de gratidão é retribuir as pessoas com a nossa alegria. Procurando fazer o bem para elas. Faça o bem que o bem vem”, argumenta.


Confira matéria na íntegra no vídeo acima. Por Joaquim Cantanhêde

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