
Ver essas crianças lendo nos enche de esperanças. Esperanças de que temos pessoas mais sensíveis, criativas, empáticas, justas, sábias... Ao ler entramos em contato com o que há de belo no humano (também conhecemos aqueles sentidos e atitudes que não guardam nenhuma nobreza). Nesses contatos, vamos formando emoções antenadas numa ética humanista. Sim, educamos nossas emoções e valores. São esses contatos que potencializamos a cada encontro numa praça de Teresina.

Ao ler encontramo-nos com as diversas faces humanas. Nestes encontros, cada criança leitora se vê como vaidosa (madrasta malvada), como também se observa como generosa (os sete anões que acolheram uma jovem estranha em sua casa). Nestes espelhos abertos (espelho, espelho meu...) amplia suas possibilidades de compreensão de si e do mundo. Não simplesmente por um olhar maniqueísta (o bem e o mau). Mas também por meio de outras visões que nos fazem margear as terceiras margens.

Essas crianças leitoras promovem encontros entre seus mundos pessoais (... existe alguém mais bela que eu?) e os mundos de toda(e/o)s (do caçador que se arrepende, da Branca de Neve que não compreende a maldade, dos anões que escavam pedras preciosas mas vivem numa casa humilde na floresta...). Ao visitar-se e, ao mesmo tempo, tantos outros, cada criança leitora supera as sombras espelhadas no interior da caverna e alcança luzes que potencializam outras visões sobre o mundo.

Ao reportar-se ao Mito da Caverna e ao conto de fada Branca de Neve para pensar sobre o humano que habita em mim e em todo o mundo, buscamos demonstrar a força criadora dos livros e dos atos de ler. Montar a Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo em praças de Teresina é um exercício ético em prol da desconstrução das sombras que nos cegam e fazem-nos ignorar tantos outros modos de ver, viver e ser no mundo.
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