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Foto do escritorHumanismo Caboclo

LER-VIVER NUMA PRAÇA


Uma biblioteca numa praça é um campo de vivências complexo e fascinante. Não temos “leitores”. Encontram-se pessoas com suas experiências e identidades. Na praça do bairro Santa Sofia reuniram-se diferentes atores: uma avó com sua neta; dois irmãos; duas amigas; um tio e a pequena sobrinha; um menino; dois amigos. Essas identidades são muito pouco para dizer quem são. (PAUSA). Mas não podemos negligenciar que uma biblioteca acolhe pessoas com suas múltiplas referências sociais. Um(a) promotor(a)/educador(a) cultural precisa saber dialogar com esse universo de pessoas, vivências e expectativas. (PAUSA).



De outro modo, essas crianças são leitores e aprendizes. Algumas crianças ainda não leem; outras estão desenvolvendo habilidades de leitura; já há outras que exploram os mundos das letras autonomamente. Como uma biblioteca, numa praça pública, deve lidar com essa diversidade de leitores? (PAUSA). Procuramos caminhos: com as menores fazemos leituras de imagens seguidas de comentários; por vezes, lemos a narrativa mediada por boas conversas. (PAUSA). Já com aqueles leitores que estão conquistando o mundo das letras: sugerimos alguns livros, pedimos que leiam em voz alta; dialogamos sobre a narrativa. (PAUSA). Com os leitores autônomos, orientamos possíveis livros e leem à vontade. (PAUSA). Estamos sempre reinventando e criando possibilidades. Nada é absoluto. Somente o direito à leitura como conquista fundamental de uma pessoa cidadã...



Na praça dos Orixás, no bairro São Joaquim, não foi diferente. Primeiro, dois primos. Depois, duas irmãs. Uma mãe e sua filha (estavam indo à catequese mas pararam para ler um livro). Dois primos. Depois, apareceu um colega da turma com uma baladeira: “não é para um passarinho não, né?”. (PAUSA). Anterior às crianças apareceu uma senhora que sempre nos visita. Logo em seguida, um membro da associação de moradores. Trocas de ideias e visões de mundo. Quando estávamos desmontando a biblioteca, uma mãe, acompanhada de sua filha, indagou-nos o que fazíamos (PAUSA).

Praça é um espaço vivo onde pessoas desenovelam linhas do viver. E como é essa linha de uma biblioteca numa praça? Tem uma linha única? As pessoas não trazem suas linhas também e a trama se multiplica? (PAUSA).



Certamente que há uma infinitude de tramas da vida. A Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo, como uma boa tecelã do viver, urde linhas e é movida pelos movimentos e tempos da vida. Como as mil e uma noites de Sherazade, muitas direções percorremos, desafios abraçamos, emoções e sonhos tecemos. Nessa trama, cabe-nos viver... viver... viver...

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