Que palavras podem representar ou identificar a Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo? Voltando da Praça dos Orixás veio-me essa indagação. Comecei a imaginar e surgiram incontáveis vocábulos. Não porque o projeto da biblioteca seja fora do comum. Pelo contrário, a ideia é bem simples: ocupar praças de Teresina com livros de literatura infantil e fomentar leituras e descobertas entre crianças leitoras. Talvez, as inúmeras adjetivações expressassem tão somente o quão extraordinário é o ato humano de ler.
O ato humano de ler lembra-me a imagem de ir ao terreiro em frente à casa de minha avó, no interior do município de Batalha, numa noite sem lua. Contemplar o céu era uma experiência inominável de minhas descobertas na fazenda de vovó. Ao tempo que observava, vinham-me ideias e fantasias: por que todas as estrelas não caem já que existem estrelas cadentes? Por que estas estrelas caem? Algum castigo? Ou uma aventura pela Terra? Em que conjunto de estrelas mora Deus? Se eu viajasse pelo espaço, que aventuras viveria? Se tem o dragão de São Jorge na Lua, há outros seres no universo? Onde moram? Vivem como?
Assim observo as crianças lendo. Com o caderno da(o) leitor(a), elas têm compartilhado algumas de suas ideias e fantasias ao ler. Como me sinto repleto de estrelas sob o sol de Teresina! E suas alegrias ao partilharem suas andanças pela infinitude do universo da leitura! E a confiança em si próprias ao compartilharem seus textos! O cuidado ao falar! O encantamento por escrever e ser escutada! Talvez seja por tudo isso que piscaram tantas palavras na minha mente ao pensar sobre nossa biblioteca.
Como não estimular essas viagens infinitas entre as crianças? Como não potencializar olhares que transpõem o imediato e cotidiano? Como não fomentar a vertigem das ideias e fantasias? Como não convidar crianças para o banquete das letras? Como não mostrar que, para além da praça, há universos de possibilidades? Como não educar as crianças pela constelação da literatura?
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