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Foto do escritorHumanismo Caboclo

O INSÓLITO HUMANO MOTIVADO PELO SIMPLES ATO DE LER

Um leitor, na relação com um livro, põe em movimento o seu planeta. Seu planeta encontra-se com um pequeno satélite artificial lançado por um escritor. Este sonhou para sua criação inúmeras rotações em torno dos orbes mais diversos de leitores. O satélite “narrativa” encontra-se com tantas órbitas planetárias e perfaz rotações desconhecidas. Cada leitor interfere no movimento do satélite. Planeta e satélite estão irmanados temporariamente. Suas trajetórias são incertas. Nesse universo de possibilidades, leitores e livros estendem-se ao infinito. (PAUSA).

Por vezes, essa linguagem metafórica é necessária para discorrer sobre o inefável: cada encontro de um leitor com uma narrativa ou poesia. (PAUSA). Observo as crianças leitoras e fico a imaginar que alquimia acontece a cada confluência entre texto e criança. A cada página, a cada gravura, movimentam-se ideias, sentimentos, memórias... Redemoinhos de experiências humanas. O insólito humano motivado pelo simples ato de ler. (PAUSA). O criativo e indomesticável solta-se num campo de palavras, lembranças, sensações e comoções. Tudo à mercê de cada subjetividade radical.



Hoje, na praça do Santa Sofia, fomos surpreendidos com uma nova amiga de Helen. Ela tem exercitado a gentileza de um modo muito seu. Sempre, às sextas à tardinha, traz uma coleguinha mais nova e lê histórias. Delicadeza de gesto em tempos de acumulação e concorrência. (PAUSA). E Felipe, após a leitura, desenhou uma fábrica de dinheiro para distribuir entre as pessoas mais pobres! (PAUSA). Criança sempre nos ensina. (PAUSA).




Essa biblioteca em praça pública tem se transformado num espaço de sociabilidades protagonizadas por crianças. Na praça dos Orixás, Myrella Beatriz tem trazido seus irmãos e primos. Ao todo, é uma turminha de seis crianças. Todos sentam ou deitam no interior da biblioteca móvel e ela lê para os demais. (PAUSA). Uma leitura cada vez mais envolvente e seguida por seus primos e irmãos. Depois, numa grande mesa, todos desenham. (PAUSA). Emociono-me com essas crianças pois elas querem tão somente “ser”. Ser que lê... ser que escuta... ser que fala... ser que desenha... ser que mostra orgulhoso o seu desenho... ser que partilha os lápis de cor... seres que exploram modos de existir à luz de uma ética que orienta suas vivências e trocas... (PAUSA). Assim, aprendemos a formar sujeitos autônomos, criativos e éticos. Não é simples, mas compreendemos que é o melhor caminho para um ser humano. (PAUSA).




Na praça dos Orixás, a comunidade foi visitada por estudantes e professores de uma faculdade de Teresina. Promoviam ações de saúde e cidadania. Chegaram até nossa biblioteca/espaço de sociabilidades e desenvolveram alguns jogos com as crianças. Depois, convidaram-nas para assistir apresentações de fantoches. (PAUSA). Com os estudantes de Psicologia tivemos oportunidade de trocar algumas ideias sobre extensão universitária e as muitas razões para fazer ações junto a bairros de Teresina e Timon. Nosso espaço de sociabilidades ganhou novos contornos. Tomara que deem continuidade às ações extensionistas! E que desenvolvam ações de promoção de cidadania entre crianças! Espero que estejam lendo essa crônica: “obrigado pelas trocas nessa manhã de sábado!” (PAUSA).




Particularmente, acredito em anjos. Em meio aos nossos exercícios de expressão de ideias, sentia energias benfazejas circulando. E crianças possuem uns anjos da guarda bastante vivazes e alegres! Até o calor de Teresina ameninou-se em meio a um vento úmido e crianças luminosas. (PAUSA). Uma professora visitou nosso projeto. Quão felizes ficamos ao ouvi-la: “muito bonito observar as crianças falando, expressando suas ideias, descrevendo suas experiências!”. (PAUSA). Ah, autonomia e plenitude humana!!! Estamos aprendendo, como beija-flores, a sorver e degustar seus sabores.




Na manhã de domingo, na praça do bairro Anita Ferraz, tomei-me a refletir sobre o Leituras e Descoberta do Mundo. Um projeto que busca estimular crianças a explorar a abstração dos signos e a fantasia das palavras não é tão simples como aparenta: montar uma biblioteca numa praça e aguardar os leitores. (PAUSA). O leitor Jardel disse que é bom largar o celular e abrir um livro, vez por outra. (PAUSA). Tocar nessa sede de vivenciar inúmeras formas de comunicação não é simples (estou repetindo a palavra “simples” e é proposital). (PAUSA). Jardel, que veio tomar um ônibus (o ponto final fica na praça onde instalamos a biblioteca), aceitou o convite para ler livros. Já Vinícius veio de casa: “os livros são para vender ou para ler aqui na praça?” (PAUSA). Não é a primeira vez que ouvimos essa indagação (e certamente não será a última). Parece que tudo é mercadoria. Não! (PAUSA). Assim segue essa história nada simples sobre esse exercício educativo com livros e crianças...

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