
Não sou daqueles que acreditam que crianças não aprendem sozinhas. Muitas aprendem sozinhas experimentando as coisas no seu dia a dia. Mas também não sou daqueles que não se observa quando está com crianças: as crianças também aprendem com os outros (crianças e adultos). Alguém pode me explicar como elas aprenderam que um livro é interessante pelo número de páginas ou tamanho dos parágrafos?

Não quero trazer respostas. Com o passar do tempo (e da idade), aprendo que boas respostas são aquelas que eu construo autonomamente e não somente pela mente (todo meu ser precisa compreender e aceitar as verdades que construo). Pois descrevo algumas de minhas respostas. As crianças leitoras precisam estar interessadas. E como despertar novos interesses e estimular interesses adormecidos?
Olho bem nos olhos da criança (e no corpo inteiro, pois, ele todo fala)... e vivo aquele momento integralmente. Ouço suas histórias. Apresento um livro (a criança não passa da capa). Sugiro que escolha um livro (se perde entre tantos e... engraça-se com um bem “magrinho”). Não recrimino. Pelo contrário, elogio pela escolha – afinal, toda escolha é uma conquista da criança leitora. Espero iniciar a leitura (sem pressão). Por vezes, pego um livro para mim e leio ao seu lado. Ela me pergunta sobre que história eu leio. Respondo. “Quer trocar?”. “Sim”...

O interesse precisa ser uma corrente d’água. Se não, não é interesse. Aguçar as águas do desejo é um milagre do viver pois nos lança completo naquilo que se faz. A Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo é um córrego suave de pequenos desejos. Os livros desejam crianças leitoras. Os educadores também desejam. São fios d’água que se juntam com outro fio. E outro. E outro. Formam um oceano ou um riacho temporário com chuvas de verão, não sei. Mas estão ali, subterrâneos, e podem minar a qualquer momento.
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