Uma praça. Livros. Brisas. Pássaros. Formigas. Gatos. Outros insetos. Soins. Seres humanos. Os desconhecidos. Sensações. (PAUSA). Assim foram os minutos iniciais da biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo na praça do bairro Santa Sofia. O leitor numa praça comunica-se com o tudo mais em sua volta e no seu íntimo. (PAUSA). Veio-me a ideia do quanto as coisas estão acontecendo. Existem e existimos em meio a infinitas coisas. Cada um as representa ao seu modo. Ao estar numa biblioteca numa praça, cada um existe de forma única. Assim me percebi hoje. (PAUSA). Existindo...
Alegrias me tomaram ao observar essas pessoas... numa praça... em meio a livros e papeis... e suas existências... (PAUSA) Hoje algumas mães se fizeram presentes. Não somente acompanhavam os rebentos, mas liam também. Crian
ças solitárias com os livros escolhidos (ainda vou escrever sobre a leitura e sua relação necessária com a solitude). (PAUSA) Felipe leu um livro para mim. Sua irmã chegou e começamos a escrever palavras da história. Outra criança chegou e pediu que fizesse um ditado. Passamos a brincar com palavras, suas grafias e significados. (PAUSA). Falamos sobre fantasia... felicidade... sonho... riqueza... Palavras... Vidas... Palavras...
Ah, como necessitamos apropriar-nos das palavras! Não somente para brincar. Para existir. (PAUSA). Agora, no momento da escrita, sinto necessidade de escrever palavras que descrevem o que nos falta. (PAUSA). A biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo é um discurso em movimento pelo direito real de existir plenamente. Não buscamos somente o direito à leitura; lutamos pelo direito a ser mais (Paulo Freire). (PAUSA)
Essas crianças alegraram nosso existir ao virem à praça. Algumas pela primeira vez. Outras pelo convite de uma de nossas visitantes inassíduas. Essas crianças precisam exercitar o existir integral – ler, praticar esportes, usufruir e experimentar diversas artes, lazer diverso, usufruir da natureza... (além de educação formal, saúde, qualidade alimentar, moradia etc.). Nada mais importante do que garantir uma vida plena ao ser humano. Isso é cidadania real pela garantia de todas as expressões da dignidade humana. (PAUSA) Desenvolver sem respeitar os seres humanos não é desenvolvimento. É ... (PAUSA).
Ah, não posso esquecer: retornaram Cauã e sua irmã Isabela. Na nossa biblioteca construímos vínculos. Um afeto entre pessoas que existem por alguns momentos numa praça. Fiquei tão feliz! Cauã só saiu quando desmontamos nossa biblioteca móvel e colocamos todo o material no furgão do Humanismo Caboclo. Tão gentil! São esses afetos que são despertos numa biblioteca...
Já estamos na Grande Codipi. A tarde estava quente. Mas o quente não existia. Outras matérias humanas existiam. (PAUSA) Na nossa roda de conversa, brincamos com a simulação de um debate entre candidatos. Cada criança lançava sua questão, e as crianças-candidatas apresentavam suas propostas de governo. (PAUSA). Yamara fez aniversário no dia anterior. Cantamos parabéns. (PAUSA). Ela nos contou uma narrativa sua, escrita há muitos anos, sobre três palhaços (como são importantes recuperar nossas criações e partilhar!!!). Um dos palhaços invejava o talento dos demais e... (PAUSA). Há algumas semanas questionamos sobre o que de bom cada um experimentou, nas suas respectivas escolas, na semana que passou. Curioso como as respostas se repetem: o recreio, a quadra, um lanche diferente, a aula de Arte. (PAUSA). Passamos para o momento da leitura. Depois, desenhar livremente. (Já ia esquecendo: as crianças relataram que, numa escola, substituíram a biblioteca por um laboratório de informática).
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