Chove em Teresina desde quinta-feira em pleno br-o-bró. A natureza sugere transformações para nossa biblioteca. Nesse primeiro registro fotográfico, tem-se a biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo em uma versão adaptada para uma possível chuva ou sereno: caixas com livros sob as mesas. Alguns livros sobre mesa para seleção das crianças. Na sexta-feira não foi possível ir à praça do Santa Sofia. Livro é pior que bode: chuva somente em histórias.
A praça dos Orixás acordou ainda mais tranquila. Ao chegar, rolinhas fogo-apagou e pombos alimentavam-se. Pedimos licença e estacionamos o carro. Natureza e humanidade e os inúmeros modos de integração (ou não). (PAUSA). A praça está limpa graças aos profissionais de limpeza. Trabalhadores fortes que desafiam o calor escaldante de Teresina para sobreviver. Em meio à grama e mangueiras, dispõem-se livros e cadeiras. Uma ocupação gentil desse espaço natural para múltiplas fantasias, palavras e vivências. Dever-se-ia cultivar o plantio de experiências expansivas do humano por todas as praças. (PAUSA).
Enquanto tomava café da manhã, assistia um programa jornalístico na TV sobre o cuidar humano. (PAUSA). Curioso como, nos tempos de hoje, é preciso propagar a ideia e prática do cuidar. Não seria próprio de nossa espécie homo sapiens sapiens cuidar de nossa sobrevivência coletiva? (PAUSA). A sociedade planetária precisa expandir seus juízos e práticas éticas. “Acumular”, “enriquecer”, “conquistar” deixam muitos vazios no “viver plenamente”. (PAUSA).
Que dizer dessa imagem? (PAUSA). Crianças experimentando um dos caminhos infinitos do viver. À medida que liam, trocávamos ideias sobre baleias, oceanos, orcas (ou “baleias assassinas”), vegetação marinha, pesca... Criança lê e pensa-imagina-questiona... Não há amarras. Ainda. (PAUSA). Imagino os escritores que nunca se acomodaram com as amarrações humanas. Sempre inquietos e criadores de outros caminhos. (PAUSA). Parece que os imitamos com nossa biblioteca que se reinventa em cada praça e com crianças-leitoras tão singulares e curiosas. Os escritores são ótimas inspirações para liberações das amarras. Pelo menos, afrouxar um pouco. (PAUSA).
Criança gosta de colaborar. Elas, quando chegamos à praça de São Raimundo, no Parque Wall Ferraz, já nos aguardavam. “Tio, posso ajudar?”. É tão gratificante partilhar dessa generosidade e boa vontade! (PAUSA). Os processos formais de educação precisam entender que crianças não são páginas em branco nas quais tudo precisa ser inscrito. Crianças são seres criativos, gregários e inteligentes. (PAUSA). Nós, educadores do Amigos do Livro e Outras Nuvens, ainda estimulamos, na roda de conversa que abre nossos encontros sabatinos, partilhas de experiências positivas vividas na escola durante a semana. “Recreio”, “aula de artes”, “merenda”. (PAUSA). Sempre lembramos que não vale referências ao intervalo da aulas ou à disciplina Arte. Mas as crianças expressam o que as toca mais. Não são seres dóceis às amarras sociais (PAUSA).
Uma criança reclamou que não teve festa de Halloween. “Fantasia cara”, “as pessoas não dão doces”. Nossa roda, sempre acolhedora, indagou que fantasia cada uma poderia fazer com os materiais que possuem em casa. “Faria um chapéu de bruxa com papelão”. “Usaria ketchup e faria uma princesa abandonada pelo príncipe”. “Faria orelha de morcego com papel”. (PAUSA). Desprendidas crianças, quantas lições de vida ensinam a esses adultos presos em “não pode!”, “ridículo!”, “bobagem!”...! (PAUSA). Depois sugerimos que elas criassem outras criaturas. “A menina emburrada e malcriada”. Juntaram-se várias crianças e fizeram um cortejo de meninas emburradas. “As bruxas mais malvadas”. Novamente, as crianças organizaram um séquito de bruxas assustadoras. (PAUSA). Não teria um coro de sons assustadores? Imaginem, leitores, quantos sons tenebrosos brotaram da fantasia da crianças. E os risos? Os aplausos de gratidão e reconhecimento pelo envolvimento dos colegas? (PAUSA). Inesquecível nosso Halloween!
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