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Artista de rua: a vida de Edmundo no sinal fechado

Foto do escritor: Humanismo CabocloHumanismo Caboclo

Ao andarmos pelas ruas de Teresina, geralmente nas áreas centrais, não é incomum avistarmos algum tipo de apresentação artística acontecendo próximo aos semáforos. Aos 21 anos de idade, o artista de rua Edmundo Ranis de Sousa faz da faixa de pedestre o seu palco. Ele é conhecido pelos amigos como "Stranho", apelido que gosta, apesar de não se recordar como surgiu.

Edmundo em seu local de trabalho: o semáforo (Foto: Aline Sousa)

Há um ano o malabarismo no sinal de trânsito tem sido sua fonte de renda. Demonstrações de equilíbrio e um pouco de atuação também fazem parte do repertório de suas apresentações para conquistar os motoristas ou quem passe por perto. Durante as manhãs, de segunda a sábado, na região centro-norte da cidade, um dos sinais de trânsito da Avenida Miguel Rosa se fecha por alguns minutos e indica uma oportunidade para Edmundo fazer seu show. Acompanhado de uma pequena escada e três claves (objetos de malabarismo), sob o forte sol de Teresina, ele se esforça para que os vidros dos carros se abaixem e a renda do dia seja garantida.

As claves e a escada são as ferramentas que fazem parte do dia a dia do artista (Foto: Aline Sousa)

A rotina cansativa de trabalho não desmotiva o artista. Ele afirmou que levar o malabarismo para as ruas sempre foi uma vontade movida pelo amor à arte e pela necessidade de independência: "Quero minha autonomia, minha liberdade. Sou contra o Estado, sou contra o sistema. Não quero ninguém mandando em mim e não vou me matar de trabalhar fazendo o que não gosto por um salário mínimo. Na rua, eu adquiro arte, cultura, experiência e ainda sou feliz", afirmou ao ser questionado sobre a possibilidade de mudança de profissão.

Pagamento recebido por sua apresentação no sinal de trânsito (Foto: Aline Sousa)

Antes de começar a se apresentar nas ruas, fazia trabalhos autônomos como ajudante de obras ou na confecção de artesanato. Conheceu o malabarismo há aproximadamente quatro anos através de amigos e começou treinando com objetos recicláveis, como garrafas de plástico.


Edmundo teve uma infância tranquila ao lado da mãe e estudou até o 6° ano do ensino fundamental. Alegou ter abandonado a escola por possuir temperamento difícil e não conseguir conviver com as demais crianças, mas admitiu sentir vontade de voltar a estudar. Hoje, mora sozinho em uma pequena casa de barro no residencial Dilma Rousseff, loteamento invadido no bairro Santa Maria da Codipi.


Apesar da alegria que sente em fazer seu trabalho, Edmundo também falou sobre os riscos e dificuldades da profissão. "Tem o lado negativo também. O desgaste físico, o estresse, a desvalorização. Muitas vezes eu recuso dinheiro pela maneira como eles me pagam. Com arrogância ou grosseria. Às vezes são esnobes. Já me senti muito ofendido. Uma vez me deram como pagamento uma tampinha de garrafa. Já trabalhei muito e não consegui quase nada. Fui até atropelado, pensei em desistir. Não é fácil, mas é o trabalho que eu gosto e preciso me manter", pontuou.

Edmundo usa a arte e criatividade para sobreviver (Foto: Aline Sousa)

"Acho que as pessoas me enxergam assim... à margem da sociedade. Mas eu não me enxergo desse jeito não. Eu olho por cima, querendo saber o porquê dessas pessoas se acharem melhores do que eu".

Uma expressão cansada após outra manhã de apresentações (Foto: Aline Sousa)

Após o trabalho, Edmundo gosta de andar de bicicleta, treinar malabares e ouvir música. Os estilos que mais escuta são punk rock, reggae e rap. O artista concluiu que seu maior sonho é ver a profissão sendo valorizada e, através dela, poder viajar pelo mundo levando a arte consigo. Por Aline Sousa

Matéria do site SuaHistória feita para trabalhos acadêmicos do curso de Bacharelado em Jornalismo sob supervisão da professora Sammara Jericó.

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