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Fotografia e invisibilidade social: o olhar de Wander Rocha

Foto do escritor: Humanismo CabocloHumanismo Caboclo

Oh, mundo tão desigual! (Foto: Wander Rocha)

De cara as imagens impactam, trazem por meio da luz e para a luz um Brasil ignorado, não visto e por isso não compreendido. Trabalho fotográfico que inquieta e nos faz refletir sobre o tamanho de nossas desigualdades sociais. Há saída? Realidade que não passou despercebida pelo olhar do fotógrafo carioca, Wander Rocha, ele assina "Se você não entende não vê... Se não me vê, não entende". Recortes fotográficos cuja tônica denota o caráter mobilizador da fotografia, para além da indignação que possa previamente provocar.

“A Expo ‘Se você não entende não vê... Se não me vê não entende’ foi idealizada de forma a trazer ao público uma provocação e reflexão sobre os diversos tipos de invisibilidades existentes em nossa sociedade, cada dia mais doente. É algo muito além de dissecar as mazelas dos menos favorecidos. Minha proposta é retratar, de maneira sensível, figuras ímpares nas verdades de nossa sociedade. Nessa proposta busco preservar a função maior dos registros fotográficos, que sem grandes manipulações, preservam o poder influenciador das imagens, no qual denomino de retrato momento, onde capto situações reais, em diferentes ambientes e contextos, sempre com muito respeito e sensibilidade para com os retratados”, descreve o fotógrafo.

Aos 51 anos, Wander Rocha, esposo, pai de dois filhos, é também empreendedor, palestrante, professor e ativista cultural, com tempo para ser voluntário na tarefa de compartilhar os saberes da fotografia. Em sua trajetória 20 anos de trabalho independente, acumulando 52 exposições coletivas, 2 individuais, 2 curadorias e um vasto acervo fotográfico sobre a natureza, street e fotografias documentais. Trabalho reconhecido com inúmeras publicações, desde a revista National Geographic Brasil, Fotografe Melhor, passando por jornais como O Globo e Extra.

Sobre a pergunta feita no início deste texto, ele pondera: “Triste constatar, mas meu pessimismo é grande em face a nova realidade política de nosso país. O fascismo, o preconceito e a desigualdade social, que haviam diminuído nos últimos 13 anos, devido a várias políticas públicas que, se não exterminaram a pobreza e a desigualdade, pelo menos ajudaram os menos favorecidos a galgarem vários degraus na pirâmide social e a ter esperança em dias melhores. Muita gente teve acesso à educação, moradia e bens de consumo, coisas impensáveis durante os governos anteriores. Hoje, infelizmente, a realidade é outra. O país, depois da eleição de um presidente com ideias retrógradas e fascistas, mergulhou em um grande buraco, que me parece não ter fundo. Grande parte da população, principalmente o mais favorecidos, sempre foi preconceituosa, porém se mantinham dentro de seus armários, pois não tinham representantes. Hoje, com um ser ignóbil no poder, perderam a vergonha de mostrar o seu verdadeiro ‘eu’. E ele é feio. Muito feio”.

A exposição já passou pela cidade paulista de Caçapava, Pindamonhangaba e São Luís do Paraitinga. Já no Rio de Janeiro foi exibida em Petrópolis e Niterói.

O jornalista Gustavo Nolasco, autor da apresentação da exposição, pondera: “Wander Rocha traz em ‘Se você não entende não vê / Se não me vê, não entende’ significados muito além de sua arte e sensibilidade em retratar figuras ímpares nas verdades marcantes do preto e branco. Ele devolve à fotografia algo que a manipulação visual e a ‘foto arte’ nos roubaram: o poder de influenciar no ‘retrato do momento’. Ressuscita o fluxo intimista e quase confidente entre o fotógrafo e o cidadão. Restitui-nos a possibilidade de raciocinar sobre o momento da sociedade”.

Apesar de certa desesperança diante do que seu olhar evidencia, Wander diz: “Cabe a nós, artistas, pensadores, influenciadores sociais, educadores e comunicadores não deixar de ser resistência e, sempre que possível, mostrar as entranhas dessa parte podre de nossa sociedade. Temos a obrigação de jogar um feixe de luz sobre os nossos invisíveis. Vão ter que enxerga-los! O caminho é longo, mas ninguém solta a mão de ninguém”.

Sem mais delongas, fica o convite para que através das fotografias abaixo, nos coloquemos no lugar do autor, apropriando-nos das narrativas, disponíveis para as inquietações e de algum dispostos a intervir nas realidades. Por Joaquim Cantanhêde



Paz (Foto: Wander Rocha)

O sanfoneiro (Foto: Wander Rocha)

O grito dos excluídos (Foto: Wander Rocha)

Só (Foto: Wander Rocha)

Futuro? (Foto: Wander Rocha)

O guri (Foto: Wander Rocha)

Desesperança (Foto: Wander Rocha)

Carga humana (Foto: Wander Rocha)

Por uma migalha (Foto: Wander Rocha)


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