CONVERSAR COM VOCÊ MESMO

Aprender a conversar com você mesmo. Tarefa necessária para quem deseja viver melhor. E como a atitude de ler contribui com esse solilóquio? Leitura sempre diz respeito ao leitor. Especialmente, literatura. É a pessoa do leitor em movimento a partir das imagens e sentidos do outro literário. Na condução desses movimentos a regência do leitor. Pode interromper. Ou prolongar. Resistir. Ou entregar-se fortemente. A leitura estimula um diálogo com as ideias, fantasias, realidades e expectativas do leitor. Por isso, enquanto lê, a pessoa leitora conversa integralmente consigo mesma.

E como é bom escutar-se! Perceber ideias e sensações diversas em movimentos vários na meta-consciência de cada um. As crianças leitoras embarcam nessas trilhas com mais facilidade. Riem enquanto leem. Imaginam coisas. Lembram de fatos da vida. Retomam a ler. Não se trata de um leitor pragmático que decodifica signos e mais signos com os olhos. Pelo contrário, é um ser em contato com sua humanidade infinda.

Essa conversa interminável é pessoal e inalienável. Cada ser exercita movimentos essenciais em sua odisseia humana. Nesta jornada, tem oportunidades de beber dos néctares do seu viver. Cada um, com seus sabores próprios, oferece experiências únicas ao ser. Neste diálogo consigo, a literatura expande nossas maneiras de existir em busca da autenticidade que nos constitui.

Imagino que quanto mais as crianças leitoras entram em contato com o mundo fantástico da literatura, mais elas confabulam histórias únicas de si mesmas. Perceber-se e viver como seres livres, criativos, independentes, sábios e éticos, talvez, seja a mais necessária de nossas jornadas no planeta Terra.