Nesta manhã de sábado, com um sereno fino em Teresina, ocupamos a Praça dos Orixás somente com nossa tenda, mesa e cadeiras. Sophia chegou e conversamos sobre o livro que lera: "O lobo não vai aparecer?", de Myriam Ouyessad e Ronan Badel. Depois passamos a falar e escrever sobre a vida. Sugeri que escrevesse sobre o que mais gosta de fazer. Quão feliz fiquei pois, em nenhum momento, pediu para interromper a atividade. Pelo contrário, escreveu sobre seus gostos alimentícios, brincadeiras e sobre as frases que sintetizam ideias com as quais se identifica.
Quando nos colocamos em interação com as crianças leitoras desejamos que elas, primeiramente, sintam-se à vontade. As gêmeas Maria Luíza e Maria Laura chegaram logo em seguida narrando suas novidades. Kauã pregou um susto em Sophia. Todos estavam muito animados após dois sábados sem nos encontrarmos. Este estado de confiança, bem-estar e trocas genuínas é importante para que cada criança possa desafiar-se com nossas atividades.
Este é nosso segundo desejo: despertar uma vontade de superar-se. E, com isso, conquistar cada vez mais autoconfiança e disponibilidade para viver integralmente. Seja o desafio da escrita; seja o desafio de fechar os olhos e respirar calmamente; ou buscar as razões pelas quais vai a nossos encontros aos sábados; ou desenhar e descobrir as belezas de seus traços; ou ouvir o colega...
À tarde, vivemos o desafio de escutar o colega. As crianças estavam ansiosas. Curiosamente, Tálisson havia lido um livro sobre impaciência e partilhara suas apreciações na nossa grande roda. Contudo, nada freava a ansiedade de brincar e rir das crianças. Pedimos que fechassem os olhos e somente respirassem. Enquanto respiravam, cantei alguns versos improvisados:
Na minha respiração encontro
Meu eu silencioso e inquieto
Um bem-estar por estar comigo
Meu desejo de rir e ficar feliz
Brincar, gritar, fantasiar la-ra-ra-rá...
Ao terminar o exercício de respiração, Tálisson partilhou que estava calmo. As demais crianças externavam tranquilidade. Somente assim passamos para o momento de leitura.
Desafiar-se e encontrar-se bem consigo mesmo são aspirações que nos movimentam diariamente. Em nossos encontros com as crianças, esses quereres temperam nossas trocas e aprendizagens.
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