Leitura é... Começar com essa afirmação não é simples. Veio-me tantas ideias à cabeça: conhecer... exercícios de sensibilidade... oportunidade para compreender-se... momento de viver em toda complexidade as potências do viver de cada um... Sim, não acredito que ler é uma experiência simples de decodificação de signos. Ler é invocar todo seu eu para saborear fatias da cultura humana. O eu e o mundo. Que encontro fabuloso!
Observar essas crianças lendo... Ah, visão indescritível de uma faceta da infinitude humana! O encantamento de uma criança... as mil e uma descobertas e surpresas... a inefabilidade do viver em meio às páginas de livros e suas descobertas... Ler é tão transgressor que, acho, muitos cercam e limitam essa aventura humana. Impõem fichas de leitura, exercícios de interpretação de texto, análise sintática, regência etc. Ler é campo de brincar com o genuíno humano próprio de cada ser. A essência, a totalidade, as angústias, os sonhos, os questionamentos, tudo da subjetividade de cada pessoa é movimentado pelo ato de ler.
Se mais pessoas experimentarem desses movimentos de plenitude por meio da leitura, mais seres sábios e autênticos teremos no mundo.
Talvez por essa razão tão poucas bibliotecas e livros com preços tão inacessíveis para a maioria da população. Estou lendo “A magia do silêncio”, de Kankyo Tannier. Este livro põe-me em movimento para enxergar-me além das aparências sociais e das emoções líquidas (expressão de Bauman). Descascar-me e apreciar-me na minha infinitude. Talvez seja uma boa imagem para arrematar essa crônica sobre leitura.
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