HUMANIDADE INEFÁVEL
- Humanismo Caboclo
- há 7 dias
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A praça me serena.
Fico imaginando, com este calor de Teresina, quantas atividades educativas poderiam ser feitas sob árvores e a brisa fresca da manhã.
Por que sempre fechados numa sala de aula?
Por que não trabalhar conexões com natureza, ludicidade, leitura, artes, meditação, espiritualidade sob a guarda da natureza?
A natureza que nos concede vida abundantemente, por que não se inspirar nela para desenvolver a universalidade humana em cada criança e adolescente aprendiz?
Somos bem mais do que conhecemos e sentimos. Uso a expressão "universalidade humana" na tentativa de nominar a infinitude que nos constitui. Mas, ao nominar, não a limito e a desconheço mais ainda? O convite aberto à apreciação de literatura nas praças é uma tentativa de deixar crianças e educadores em paz com essa vontade de definir o que somos. Com a literatura, descobrimos que somos muitos, com inúmeras camadas e possibilidades. Uma história sugere diferentes interpretações. Fomenta sensações e emoções. Além de propor uma comunicação consigo mesmo única.

Ler nas praças para apenas nos percebermos, ou, simplesmente, existirmos. Em meio à natureza, também fazendo parte, em troca com a cultura humana criada e recriada nos livros, sob os desejos e vontades de cada criança leitora. Cada criança exercita seu existir em meio à natureza criadora e à cultura criativa. Esta é uma outra forma de perceber a Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo – a vida em criação contínua.
Infelizmente, parte do sistema educacional não compreende assim. Vez ou outra, acolhemos crianças leitoras que não desenvolveram seu direito de ler e criar nas escolas. Para além da famigerada “quantidade de páginas”, crianças afirmam que não leem (mesmo que sejam capazes de ler algumas palavras e comentar acerca das histórias que escutam). Os desafios próprios de algumas crianças com a alfabetização são encarados como impossibilidades graves e acabam excluídas.
“Tio, eu são sei ler”.
Estas palavras soam com tanto pesar e tristeza. Com a nossa sede de universalidade humana, buscamos escutá-las, identificar os desafios de cada uma e buscar, com elas, caminhos para uma alfabetização humana e integral.
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