
Por quantos leitores uma biblioteca é feita? Nenhum. Esta pergunta não é adequada. Biblioteca não é objeto de uma somatória. Leitores não são números; são pessoas únicas com gostos, biografias e visões de mundo. A Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo ocupa praças de Teresina para trocar com pessoas que se interessam por narrativas. Crianças e jovens que apreciam fantasia e histórias. Pessoas que apreciam a comunicação e a troca. Essa é a razão de ser uma biblioteca com acervo literário.

Cada vez mais deparamos com números para indicar o que somos e o que queremos. Parece que a Matemática toma lugar da Arte, Psicologia e demais ciências humanas. Do cpf à quantidade de litros d’água ao dia. Da quantidade de seguidores em redes sociais ao número de passeios ou noitadas. E o “viver”? O existir humano holístico? As crianças, ao avaliarem nossa caminhada de vivências, destacaram: “aprendemos a ler”, “pensar”, “falar”, “perder a timidez”, “respeitar o outro”, “não fofocar” etc.

É para esse “viver” que uma biblioteca existe. Desde às sensações aos sonhos; das ideias às emoções; da minúcia do gesto à filosofia abrangente; da fantasia ao cotidiano caminhar... Os livros são escolhidos por pessoas leitoras pois estas desejam mais e mais experiências... O seu existir não está previamente dado... Expande-se continuamente... Desfaz-se... Duvida... Nega... Projeta... Rememora... Emociona-se... Pensa-se em todas as direções...

Uma criança leitora contempla a infinita existência mediante mergulhos em narrativas e poemas. A literatura não proíbe ou impede. Ela inspira uma busca infinda. Um existir que contempla outros vieses. Não se satisfaz com a primeira resposta. Um existir descontente com o mesmo. Um seguir autônomo e confiante na construção da plenitude humana de cada pessoa leitora.
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