Que valores podemos atribuir à escrita na vida de uma pessoa?
Certamente que muitos. Particularmente, gosto muito do valor expressão e memória. Expressar o que pensa e sente, de formas diversas, voltadas para si ou para os outros. E tudo isso memória: de mim, de meus grupos e do meu tempo.
Outra pergunta: como não priorizar esses valores tão necessários na vida de uma pessoa? Como a educação, seja formal ou não-formal, não tomar a escrita como fundamento de todos os seus conteúdos e metodologias?
Na Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo estamos voltando nossas atenções para esse desafio necessário: estimular entre as crianças a necessidade humana da escrita. Não como uma redação que pode aumentar a nota de um exame (por mais que, nos nossos tempos, também seja uma imperatividade). Ou uma simples tarefa obrigatória de uma disciplina escolar. Mas descobrir, para além dessa habilidade formal e contingente, uma necessidade essencial. E como cada criança expressa singularmente seu desejo de escrita.
Pela manhã, ouvimos:
– Estou cansada!
– Não sei o que escrever.
E eu retrucava:
– Escreva o que sente.
– Escreva sobre o que gostou.
– Escreva por que não gostou.
– Conte como você preferia a história.
Escrever como resposta a um ímpeto interior. Uma chama de vida. Uma resposta para si. Uma vontade de mundo melhor. Uma possibilidade de compreender-se. Um querer...
Como querer, cada um possui os seus. Escrevo estas crônicas por várias necessidades. Contar uma memória de nosso projeto. Refletir sobe as experiências vividas. Escrever com prazer. Comunicar ideias. Entrar em certa sintonia com o mundo. Imaginar outras possibilidades para a leitura e a escrita na vida humana.
Não consigo denominar minha necessidade. Mas ela está sensível em cada crônica. E sinto-a profundamente a cada texto que escrevo.
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